Livros e Traduções
Livros e Traduções
Sobre anarquismo, sexo e casamento - Emma Goldman (Tradução de Mariana Lins Costa)
"Sobre anarquismo, sexo e casamento" trata de temas como o controle de natalidade, o puritanismo norte-americano, a repressão sexual, o amor livre, o ciúme, a prostituição, a homossexualidade, a desigualdade entre os sexos, a maternidade, a emancipação feminina, o movimento sufragista na Inglaterra e Estados Unidos e a trajetória de uma série de mulheres extraordinárias, dentre elas heroínas e mártires do movimento revolucionário russo. O contexto no qual esses textos foram escritos passou pela Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a ascensão do fascismo italiano e do nacional-socialismo na Alemanha. A condição de Goldman como russa, judia, anarquista e crítica implacável do puritanismo estadunidense à autocracia soviética, tornaram-na ainda mais vulnerável em relação ao ativismo pela condição da mulher ― dos Estados Unidos à Rússia, e nos mais diferentes círculos.
Se a filosofia a contemporânea tem nas obras de Foucault e Butler, por exemplo, o diagnóstico da complexidade do assujeitamento, graças a processos de normatizações e fascismos, ela mesma pode ser palco para estéticas da existência, por meio do cuidado de si e governo de si por si mesmo? A micropolítica pode ser o foco para heterotopias políticas, para micro resistências em embate com o macro e a microfísica do poder? Mas quais são os poderes, os desdobramentos e os limites de movimentos sociais, coletivos de experimentações, e não de esperas da realização de utopias? Movimentos LGBTQIA+, movimentos feministas, movimento negro, movimentos ecológicos, ocupações, por exemplo, significam heterotopia política? Num contexto de política neoliberal, a estética da existência, tal como pensada por Foucault e Butler, é mero conceito filosófico ou pode ser exercitada? A resistência ao poder é possível? Tais questões mobilizam o livro, visto que nele a autora, Cristiane Marinho, não se limita a exposição de conceitos e de análises, mas usa disso para escrever um livro provocador das subjetividades que, pela recusa desta condição, podem exercitar poderes outros.
Ação Direta - Voltairine de Cleyre (Tradução de Mariana Lins Costa)
"Ação direta e outros escritos" é uma antologia de três textos fundamentais para a compreensão do pensamento de Voltairine de Cleyre. No primeiro artigo, a autora apresenta uma síntese não dogmática do núcleo fundamental do anarquismo que, para ela, é "potencialidade humana" e dispõe as pessoas à luta. Não por acaso, de Cleyre é chamada de "anarquista sem adjetivos" pela defesa radical da pluralidade das muitas formas de definir e viver esse movimento. Em "O anarquismo e as tradições americanas", a escritora traça um paralelo entre a Revolução Americana e o anarquismo, criticando de forma contundente a progressiva degradação das propostas dos "pais fundadores" dos Estados Unidos. Finalmente, em "Ação direta", texto central desta edição pela atualidade, a autora explicita os motivos pelos quais julga adequadas as ações "contra a representação", isto é, intervenções políticas ativas na realidade concreta, não obrigatoriamente violentas, mas sem excluir que, em momentos estratégicos, são necessárias ações diretas enérgicas.
O feminismo como desdobramento da teoria democrática em Stuart Mill - Veronica Calado
Neste livro, Veronica Calado explora a visão de John Stuart Mill sobre o reconhecimento da dimensão social da democracia, destacando a importância da participação ativa dos indivíduos, a proteção da individualidade e diversidade de opiniões, assegurando o direito à voz de todos os grupos sociais, incluindo minorias sociais. A autora argumenta que o texto A sujeição das Mulheres (1869), longe de ser uma produção panfletária de Mill, deve ser compreendido como uma extensão natural da sua ideia de democracia, na medida em que ilustra como a dominação na esfera privada se entrelaça com a esfera pública, prejudicando o exercício da liberdade e da igualdade para as mulheres. Este livro convida à reflexão sobre a importância da participação política, evidenciando que as propostas millianas continuam relevantes e atuais para o debate político e filosófico contemporâneo.
Gregory muito se destacou nos meios de debates polidos, e sua Comparative View serviria de base para a doutrina que ensina em Legado de um pai para suas filhas; como informa o autor, dever-se-ia perceber “em que honroso ponto de vista eu considerei o sexo” feminino, “não como trabalhadoras domésticas, ou escravas de nossos prazeres, mas como nossas companheiras e iguais” (Prefácio do Legado). No entanto, ainda que o autor tenha se esforçado para defender o que acredita consistir na igualdade entre os sexos, no exemplo das mulheres como superior para a polidez, o seu escrito não estaria livre daquilo que Davidson (2006) nota como inerente à cultura polida: a hipocrisia, isto é, a lacuna entre o dito e o feito e, ao mesmo tempo, as incertezas relacionadas ao autocontrole e às boas maneiras que poderiam ser nomeadas como: galanteria, boas maneiras, virtude, autocontrole, polidez e cavalheirismo...